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Os ocultistas modernos estudiosos
da Cabala hebraica têm uma curiosa teoria a respeito de Deus,
do Homem e da Mulher. Para eles, o fato do Homem ser a imagem e semelhança
de Deus implica em que ambos jamais possam se ver frente a frente. Mas
a mulher, devido ao fato de ter seu sistema neurológico invertido
em relação ao masculino destro, pode ver Deus face a face.
De acordo com este preceito, os homens nos rituais de magia e cerimonias
religiosas deveriam se manter sempre de costas para o altar e de frente
para participantes femininas - o que de fato acontece em diversas religiões.
Nesta proposição, enquanto o Homem é a imagem e semelhança de Deus, a Mulher é seu inverso simétrico, seu espelho. Assim, o Homem só pode ver a Deus através da mulher e Deus necessita dela para dar luz ao seu filho. Esta posição de ‘reflexo primordial’, de mediação entre o Criador e a criatura também tem um caráter universal entre as diversas deusas que representam a grande mãe cósmica. Assim, se ‘o universo é um sonho de Brahma’, se ‘o mundo foi criado para que Deus se reflita nele e conheça a Si próprio’, este espelho, segundo momento cosmogômico de muitas mitologias é sempre um elemento ‘feminino’. Neste sentido geral e estritamente simbólico é que podemos associar Oxum à Eva e ao arquétipo feminino genuíno, enquanto Yansã, de costas para o sol, corresponderia ao arquétipo do feminino masculinizado. O significado central da narrativa está no fato de Oxum, devido à situação de perigo iminente, transcender a sua condição de mulher-objeto e se associar ao Sol, de abandonar o uso reflexivo tradicional de seu espelho e utilizá-lo de uma forma tecnológica, racional, solar; como uma arma laser. A lenda, desta maneira, representa a união cognitiva entre os hemisférios celebrais e a integração epistemológica dos paradigmas. Chegamos ao final. Resta apenas a lembrança àqueles que não se reconheceram neste texto, que por mais que procurem um outro duplo com o qual se identifiquem, sempre encontrarão o sentimento de incompletude tão próprios dos espelhos e da instantaneidade dos seus múltiplos reflexos - dada a vastidão e a complexidade deste tema permanente. Ou eterno? |